Vencedor do prêmio da Fundação BBVA Fronteiras do Conhecimento na categoria Mudança Climática, o economista Nicholas Stern adverte sobre o risco de uma regressão no desenvolvimento global
“Somos a primeira geração que pode, com sua negligência, destruir a relação entre os seres humanos e o planeta”, disse esta manhã Nicholas Stern, laureado com o prêmio Fundação BBVA Fronteiras do Conhecimento na categoria Mudança Climática, “por liderar o primeiro estudo que quantifica os impactos e custos derivados da alteração do clima do planeta”.
Criador do “Informe Stern”, que “estruturou o discurso econômico da mudança climática” e para muitos especialistas “gerou uma mudança radical no debate internacional nesta área”, Nicholas Stern ocupa a cátedra I.G. Patel de Economia e Governo na London School of Economics. Reportagem de Carolina García, El País.
“Os dois grandes desafios de nosso século são a pobreza e a mudança climática. Se um falhar, fracassaremos com certeza”, disse Stern. O resultado deste fracasso seria “um entorno físico tão hostil que haveria provavelmente bilhões de desalojados, uma imigração global que poderia provocar conflitos graves entre países, prolongados e globais”. Em termos econômicos, haveria “uma regressão no desenvolvimento global”, segundo o professor.
Stern deixou claro durante o ato que o custo da falta de ação sobre a mudança climática “é superior ao fato de atuar, ainda que alguns países ou pessoas ainda não acreditem”. Segundo ele, a situação agora é mais preocupante do que há seis anos. E o que é pior, a capacidade do planeta para absorver a quantidade de gases de efeito estufa emitidos “está se deteriorando mais rápido do que muitos pensam”. O objetivo é que daqui a uma década as emissões desses gases diminuam em 10%. “Nos encontramos imersos numa revolução industrial necessária para salvar o planeta e a todos que vivem nele”, afirmou.
O laureado disse que é fundamental continuar atuando para proteger o planeta. “O que podemos fazer é que na agricultura se estenda o uso de técnicas que liberem menos carbono, ou que utilizem menos inundações nos cultivos. Era impensável, há alguns anos, que a General Motors inventasse um carro elétrico, ou que a arquitetura conseguisse materiais renováveis e menos contaminantes”, explicou.
Para Stern, o incidente nuclear de Fukushima foi uma consequência terrível “de dois acidentes graves: o terremoto e o tsunami” que ocorreram no Japão.
O professor assegurou que, apesar de tudo, a atividade nuclear continuará fazendo parte de nossas vidas: “na China está prevista a criação de 150 a 200 centrais novas, e, gostem ou não, a energia nuclear será importante na mudança”. Na Índia também continuará sendo usada, “ainda que mais lentamente”, e sua opinião sobre a polêmica que está surgindo na Alemanha sobre o tema é a seguinte: “fechar 10 ou 20 centrais pequenas não afeta em nada o desenvolvimento do país”.
Tradução: Eloise De Vylder
Reportagem de El País, no UOL Notícias.EcoDebate
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César Torres