João Naves de Oliveira
A planta, largamente consumida no Nordeste com fins alimentícios e medicinais, é forrageira para bovinos no Pantanal .
Nutritiva e medicinal para os humanos, a moringa (Moringa oleifera) vem sendo utilizada agora também como alimento para bovinos. As pesquisas já duram três anos e devem se encerrar no fim de 2012, mas já é possível notar que a planta vem resolvendo um dos piores problemas dos pequenos produtores rurais em Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul: o enfraquecimento do rebanho e a mortandade de gado.
"A estiagem na região é longa e a planta resiste bem à seca", diz o pesquisador Frederico Lisita, da Embrapa Pantanal. As experiências ocorrem no Assentamento Rural Tamarineiro II Sul. Um dos pecuaristas, José Luís Rosenes Freitas, diz que, na estiagem do ano passado, suas vacas leiteiras não perderam peso, nem reduziram a produção de leite e aceitaram "com voracidade" a novidade.
Algumas vantagens importantes, em relação a outras forrageiras estudadas pela Embrapa, já são concretas. O vegetal atinge o ponto de corte para forragem com apenas seis meses, é de fácil cultivo e, por possuir hastes flexíveis, é de fácil manejo para o corte e resistente a pragas. Junto com os estudos sobre a moringa, Lisita continua percorrendo as pequenas propriedades da região, orientando os produtores. "A estratégia é usar as plantas forrageiras já disponíveis na região, além da moringa. Essas plantas são cortadas, trituradas, desidratadas e armazenadas em sacos. Quando chega a escassez ou até mesmo a perda de pastagem, o feno, com alto teor nutritivo, é servido no cocho aos animais."
Testes. O pesquisador diz que não há estudos publicados no Brasil sobre a aplicação da moringa na suplementação alimentar animal. A espécie se sobressai às demais, porém. "Estamos testando várias opções de plantio e espaçamento, calculando a matéria verde e seca e produção de proteínas e fibras."
Os esforços estão concentrados na busca de boas forrageiras. Para tanto estão sendo estudadas, além da moringa, plantas como bocaiúva, acuri, mandioca, aromita, leucena e outras leguminosas. "A leucena tem 21,5% de proteína na folha, mesmo teor da ração, que tem 21%. A aromita, que é considerada praga, tem 25% de proteína na folha. Também estão sendo avaliadas aroeira, seriguela, amoreira, paineira e angico."
PARA ENTENDER
A Moringa oleifera é nativa do norte da Ásia. Folhas, flores e raiz são comestíveis. No Nordeste, as sementes são usadas também. São árvores que alcançam até 4 metros de altura, frondosas e generosas na produção de folhas, que são ricas em betacaroteno, vitamina C, proteínas, ferro e potássio.
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César Torres