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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Produtos orgânicos chegam a apenas 27% dos supermercados

Segundo Associação Brasileira de Orgânicos (Brasilbio), 80% dos produtores no país são agricultores familiares

De cada R$ 100 vendidos pelos supermercados brasileiros, apenas R$ 0,54 são lucrados com a venda de produtos orgânicos, de acordo com dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Mas a demanda está crescendo. Até alguns anos poucos varejistas investiam na comercialização dos itens. Atualmente os alimentos orgânicos estão presentes nas prateleiras de 27% dos supermercados do país. O aumento da demanda por produtos orgânicos beneficia principalmente os pequenos empresários.

Segundo dados da Associação Brasileira de Orgânicos (Brasilbio), que reúne os produtores, processadores e certificadores, 80% dos produtores de orgânicos no país são agricultores familiares. Em todo o Brasil há 90.497 empreendedores que produzem os alimentos sem agrotóxicos, segundo o Censo Agropecuário 2006, último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia de Estatística (IBGE).

Os pequenos são os que mais lucram com o aumento do faturamento do setor. Segundo a Brasilbio, em 2011 os produtores devem faturar 40% acima dos R$ 500 milhões registrados no ano passado. A expectativa é chegar a R$ 700 milhões neste ano. “O volume ainda é baixo, mas este é um movimento novo, com tendência a crescer muito. E quem mais lucra são os pequenos. A maioria dos produtores no Brasil são agricultores familiares que vendem para grandes varejistas e atacadistas”, afirma o presidente da Brasilbio, José Alexandre Ribeiro.

Uma das primeiras redes brasileiras a investir na alimentação sem agrotóxicos, o Grupo Pão de Açúcar comercializa orgânicos há 15 anos e atualmente conta com cerca de 130 fornecedores em todo o país. Nas prateleiras há mais de 300 produtos disponíveis. No ano passado a rede vendeu R$ 75 milhões em produtos orgânicos e a expectativa é que as vendas cresçam entre 30% e 40% em 2011. “Há 10 anos somente verduras e legumes estavam disponíveis nas lojas. Hoje, além dos itens in natura, temos carne, massas, molhos e todos os componentes para uma refeição completa e saborosa”, afirma a gerente de orgânicos do Grupo Pão de Açúcar, Sandra Caires Sabóia.

Produtora há 25 anos de alimentos orgânicos, a Fazenda Malunga, localizada a 70 quilômetros de Brasília, viu todo o avanço do mercado. No início, ela e o marido, Joe Carlo Viana, vendiam a produção em uma feira semanal realizada na Universidade de Brasília (UnB). A mercadoria era transportada no porta-malas do carro. Atualmente fornecem para 60 supermercados de Brasília e de Goiânia, além de fazerem entregas diárias a 200 domicílios. Por dia, são mais de 1 mil caixas de legumes e verduras. O número de funcionários saltou de 12, em 2001, para 220. “A demanda cresceu mesmo foi nos últimos 10 anos. Os supermercados abriram mais espaços para os produtos agrícolas porque o consumidor está pedindo por estes produtos”, afirma a proprietária da marca, Clezane Ribeiro Pereira.

Com o objetivo de gerar visibilidade e disseminar os benefícios dos alimentos produzidos sem agrotóxicos, o Ministério da Agricultura, em parceria com o Sebrae e diversas outras instituições, está promovendo até o próximo dia 5 de junho a 7ª Semana dos Alimentos Orgânicos. O tema da edição deste ano é “Produtos Orgânicos – ficou mais fácil identificar”, com foco na divulgação do selo Produto Orgânico Brasil, que ajuda os consumidores a identificar esses produtos, e da Declaração de Cadastro do Agricultor Familiar, ambos instituídos pelo ministério.

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César Torres

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